domingo, 20 de dezembro de 2009

NAKODO ( O CASAMENTEIRO)

Foi lá por quando os candangos começaram a erguer Brasília.
Na vila dos sem eira nem beira, os japão-novos já tinham embarrado suas casas de pau a pique e cobertas de sapé.
As ruins novas sobre a derrota do Nihon e a dominação americana, mudaram os planos da colonia uchinanchú, voltar, não mais. ficar, a opção sem escolha.
Meu pai iniciava a construção da venda, mais um anexo de 8 salas para depósito, um sobrado nos fundos onde crescí mais 7 irmãos que foram se aninhando.
O pedreiro, coisa rara na terra dos adobeiros, era o G. san, amigo do pai, e veio do A do ABC.
Na vila, o estado ausente,no cotidiano pai era correio, banco,fornecedor de rancho e insumos para acerto na safra ou corte da banana.
Nas agruras,serrava tábuas das caixas de mercadorias, fazia os caixões,a cruz, empalmava colher e lá ía a cimentar o morto,4 palmos e 4 quilometros abaixo,na vila do meu avô materno, conduzidos, ele e a família, pelo sempre Jirú mecanico em seu fordinho 49 de carroceria de ripas.
Ao adentrar na varanda, chamava: mãe, dá o sal.( os uchinanchús mantém o ritual, até hoje, de jogar o sal, por trás dos ombros, para purificação)
Eu tinha cinco anos, e perguntava: morre e vai prá onde? pai respondia: pobre quando morre vai tudo pro céu.
Então chegava maio, dia de Undokai, no 1º domingo,a comemorar o aniversário do imperador Hirohito, competições de crianças a velhos onde todos participantes ganhavam, de cadernos e lápis a toalhas e caixinhas de ochá, e doces, muito doce!
Nós íamos cedinho, portando trouxas de obentô, pai só ao meio dia quando dava prá fechar a venda.
A colonia, reforçada pelas vilas vizinhas, em festa, bebericando groselha e cerveja sem gelo terminava noitezinha caindo,cantos chorados dos uchinanchús,panos envoltos na cabeça num odori dolorido que nunca mais vi igual.
As moças d'um lado, rapazes d'outro se esguelhavam, e aí na primeira chuvarada de dois tres dias seguidos, as comitivas vinham desestear o descanso do almoço do pai, que abria a venda as 6:30 pro trem das 7, e fechava as 9:30 pro trem da noite.
As famílias, o pai a frente, o pretendente, e fechando prá não dar escape, a mãe,entravam direto na casa,nem passavam na venda.
Chogi san, está?
ô yoshozinho, vai chamar pai!
Que foi? sei não, são uns japão novos, nunca ví.
Ao ver os trajes de festa, pai já se tocava, é miai ( encontro para fins de casamento)!
Mãe já tinha botado ochá na mesa, pai chegava, conversa trivial parava,que omiai é caso sério.
É pro nosso chonan aqui, o Kotake, tá com 27, não bebe nem fuma, só trabalha prá mokeru (fazer dinheiro), né!Dá prá senhor fazer o omiai?
Mas em quem ele tá pensando?
Ah, Chogi san! ele quer a segunda dos Ota, a Sanae, ele viu no casamento dos Tamashiro, acha que ela gostou dele.
Mãe!acha que a obasan vai pular a vez da mais velha e deixar a segunda casar na frente?
Não, pai.a segunda é muito haikara ( chique), ela tem 4 filhas, vai querer seguir a fila.quais as que ele gostou, do undokai nenhuma?
Take gostou de uma de bem longe, não dá, nós não temos nem cavalo prá passeio, só prá arar.obasan não sabe onde dava prá tentar?
Bom, nos Y. tem três na idade de casar, moças fortes com saúde, não são tão bonitas mas trabalhadeiras, por que não dão uma visitada?
Chogi san, faz as honras prá nós, podemos ir domingo? vou empreitar Jirú san prá levar.
Domingão, eu afoito, pai, fecha! tá na hora, posso ir junto? nunca ví um omiai!
vai mas fica quieto que a coisa é séria.
Uma hora de fordinho 49, a gemer nas picadas bananeiras serra acima, vento ventando na venta, lugarejos que nunca ví, quer alegria maior?
E chega a casa das pretendidas, o caminhão chora na última subida, buzina e tá a família reunida a esperar, pai pula da carroceria e cumprimenta,os de casa se entreolham, tá esclarecido, não tem notícia de morte,Chogi san tá junto! é omiai!
A casa tem um espaço só, recoberto de tábuas, o resto chão, tantas vezes, batido, junto ao fogão de lenha mesa e dois bancos.
sentam e a obasan levanta prá fazer ochá. senta e conversa disfarça, conversa vagueia, eu já olhando pros lados, criançada da casa espiando pelas frestas da cortina de saco de aniagem, uma das filhas entra a servir ochá, olhos no rés do chão, o candidato deu uma esguelhada rápida, e dá lhe mais uma hora de prosa sem definição.
a obasan levanta, vem outra filha trazer manjiú e caldo de cana.
o Take deu outra avaliada. e a roda do chá recomeça, Take nem pisca, vem a terceira,bidú!
o Take deu um sinal, um pontape por debaixo da mesa, os pais levantam:
A família K. tem a honra de pedir a mão de sua filha, essa que veio por último, para o nosso filho Kotake, trabalhador, de boa saúde, sem vícios,vão ter um monte de filhos, e mokeru, né? Chogi san garante!
se aceito podemos garantir que vamos fazer casa de madeira pros noivos, o dinheiro já tá no ginkô!
os anfitriões pedem licença, vão consultar as filhas. volta,primeiro só autoriza prá mais velha, os Y. não teriam outros filhos ou parentes prá não quebrar a escrita?
Y.san, sai para o páteo,o Take junto, meu pai também, confabulam. Take tá conspirando: trás o jinan prá segunda, o primo Massao prá mais velha, eu fico co'a terceira, pai diz vamos voltar no domingo que vem, outra vez.
Em casa, pai pede uma panorâmica das moças casadoiras, mãe faz uma geral, quem é haikara, quem combina com quem, quem não.
hontô? (verdade?)como pode uma mulher que não sai de casa, e ainda reveza na venda saber tanto? só olho, diz.
No domingo nem deu graça,era um omiai de noivos marcados, torcí prá uns darem estremeliques, nada...três casais iam casar seus destinos.
Nas outras sucessivas vezes eu nem mais queria ir, perdera a novidade, então era assim que os japas casavam?
A nova venda subia, o sobrado junto,G. san recebeu a visita da filha Ginko.
pai mandou carta prá Registro para o irmão K. avisa o seu chonan J. que tem uma moça ideal prá ele, bonita e boazinha, filha de amigo dele.
J. veio. conversou, aceitou e uma vez por mês Ginko e J. namoravam na sala de casa.
Nm mes o J. deu cano, Ginko esperou e pegou o trem prá santos, rumo a santo andré.
No outro mes, igual, pai pegou Jirú mecanico e o fordeco 49 e lá foram prá R.
O J. não tá, informou o irmão de pai, K.san, parece que desmanchou o omiai. por que?
viu um cara numa festa mostrando a foto da moça. e J. não perguntou porque o cara tinha a foto? não, mandou carta e desmanchou.
Poucas vezes ví pai tão furibundo, fez discurso ao seu irmão K. falou que a moça era filha dum amigo dele, o G. san, e que nunca mais poria os pés na sua casa, mesmo sendo irmão mais velho.
G.san, aceitou o pedido de desculpas e logo a Ginko engatou um omiai e casou, pai foi na festa.
Pai fez mais uns omiais prá não perder a prática, e um que só ficamos sabendo 3 décadas depois.
Yoshinobu era o jinan dos O., trabalhava numa montadora do B, e uma vez por mes vinha de trem visitar os pais.
Minha tia Nilda, caçula de mãe, e parece quem me batizou, também viajava no primeiro fim de semana pós pagamento, descia 4 quilometros trem abaixo prá ver meus avós maternos.
Yoshinobu vinha na venda e sapecava logo: Como está sua cunhada? pai nem respondia.
Um dia a pergunta pegou o pai virado: escuta aí, o cabra! ce viaja todo mes com ela, mesmo trem, e eu é que tenho que responder? pergunta prá ela! Chogi san, tenho vergonha!
Ela tá noiva dum naichi, porque? quer o que?
bão, se der errado alguma coisa, eu queria que falasse de mim.
Com a intimidade que tinha co' meu avô,( pai apresentou seu irmão caçula que casou co' a irmã mais velha de mãe,)numa das festas de família, pai falou com o sogro, Saburo san, um descendente de samurais de 1,80, magro, orgulhoso que no fim da vida, obrigado a usar cinturão de hérnia e tomar sol,por baixo usava calça de pijama,e depois paletó, camisa social e gravata, pros gaijins não o verem prostrado pela doença.
O avô chamou a filha, a tia pediu permissão prá desmanchar, e casou com o Yoshinobu, que prá não perder a ocasião apresentou um irmão que casou com a primogenita da minha tia mais velha de mãe.
Os dois contaram prá nós o porque da consideração pelo pai,e só se separaram por um cavalo teimar em entrar parabrisa adentro do carro do meu tio Yoshinobu, numa noite chuvosa na Manoel da Nóbrega, rumo a chacrinha perto da antiga plantação de bananas da sua família.
A tia criou o casal de filhos, fez jornalismo e,hoje, octogenária é uma prova viva que os tempos pré orkut e sites de relacionamento, nos tempos do omiai os casórios davam certo... principalmente se fosse pedido por Chogi san...
E aos que pagaram dotes aos nakodos prá armar seus casórios, pai nunca cobrou nada das famílias ou dos noivos, a não ser os convites da festa, eu junto.
minha especialidade era partir o pescoço da galinha,assada,recobrir com papel de bala de noiva,puxar os fiapos para cauda, botar um tabako aceso no bico, enfiar numa garrafa de biru e colocar na frente dos noivos, antes que o fotógrafo batesse suas fotos.
lembrar do casal estático, sem poder protestar...Vai estragar nossa foto!! não tem pose!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Sarau dos Nassiferas

Na quinta, 10/12, eu vasculhei diretórios do DEM e PSDB à cata dum mísero boné ou camiseta prá compor o figurino apropriado a um frequentador de barchic, alienígena que sou desses ambientes. Minha seara é butequinhos de sinuca, desses onde se joga em cinco, a matar tres bolas de 1 a 15 indicadas por tres tampinhas de cervejas, números garatujados em bic, e último que sobra co’as bolas na mesa paga o litrão de skol.
A bem da beberidade admito que preferem brahma, mas devido a minha ojeriza à marca desde bebeto chorão e mamário a sinalizar o nº 1 numa dessas copas, o que prova, marcas passadas movem mágoinhos, então todos aceitam, quando o japa joga, bebe se skol litrão ou na falta deste duas itaipavas.
O jogo de tampinhas é mix de poquer e geometria, cê tem que disfarçar suas bolas, principalmente, a última . prá movimentar e descolar as suas usa se telefone ou carambolada pelas bolas d’outrem.
quando é de vera, a dinheiro, quem mata a última bola paga o bolo todo sozinho, é o Sapo.
Nos bilhares da Liberdade a gente dava estia pros técnicos, caras que sapeavam o jogo e dedavam, cuidado…a 7 é do bisteca..13 é sapo(última bola) do zé mineiro. 2 é do prefeitura, mas ele tem a 11 ainda.
Numa madruga, os malandros do Bandeirantes, ali em cima da padoca sta teresa na joão mendes baixaram no lgo.são paulo. nós éramos um bando de moleques que não respeitava ninguém.
Pinguinha, um japa de 18 da vila formosa já tinha ido na favela da vila prudente encarar o Poeta.
eu já tinha ido, numa mochilada ao pasquim, cartuns debaixo do braço, na lapa do rio, ver se jogava co’ lincoln, que o pasca refutava ser o bam bam do rio.
Um tal fantoche entrou na nossa tampinha. o cara ,já tinha sido bancado por mike, um chininha, até que um dia o bochicho correu os salões. fantoche passou o china em duzentinha, num jogo combinado co’ adversário e caiu no descrédito.
Então chegaram as vacas magras pro cara, quase 2 metros, que de qualquer posição da mesa prá ele tava de palmo na empunhadura do taco, não quase deitado/trepado aos baixos/medianos tal nós, ninguém patronava o cara.
O jogo tava duro, eu tava pela boa, não podia revelar, mostrou não mata mais, tiram da boca.
as bolas tavam todas no fundão,do lado da tabela de cá duas, uma em posição de corte pro fundo e a uns tres palmos, a minha colada a esquerda. fui conferir as bolas do fundo, olhei os angulos e gizei o taco, cortei a bola despiste pro fundo, forte, raspou de espalhar umas tres, olhei o fundão e torcí, a branca pegou efeito e arrastou a minha prá boca.
No bilhar fez um silencio que dava prá ouvir até as conversas da glicério.
o fantoche começou a me medir tal alfaiate, ele precisava de sequencia prá tentar algo no fundo, só tinha a minha deste lado da mesa, e na boca.
um trouxa desse que nem nome no gibí tem, não pode ter essa força,tem?
isso foi sem querer num foi? cumé que chama, esse? samurai? vou pagar prá ver!
matou, olhou o rodopiar da branca, eu, o mais delicadamente prá não enfurecer o cabra, depositei as três tampas… É SAPO!
o cabrão atirou o seu taco especial no chão, esparramou as bolas de supetão, pagou, jogo findou e aí a turma marcou, com cuspe no dedo, a posição das bolas e foram todos treinar a jogada, como todas as grandes que a gente via e passava as madrugas a treinar, cumé é o efeito, samurai? aqui? não, menos de meia bola esquerda, menos de metade a baixo, puxando.
Foi aí que entrei no gibí, esse é o samurai da liberdade, o que armou um sapo pro fantoche. dizem que o cara tá em vegas, lás virou milionário jogando sinuca nos cassinos.
Quinta noite sondei a turma, quem tem algo dos tucademos?
ué, mudou bandeira, num é mais lulista?
sexta liguei prás lideranças dem/psdb, nada! cês já entregaram os votos, né? já sabem que perderam?silencio.
as moças, ainda, não foram treinadas prá responder essa.
sábadão chegou, minha caçula soprano, eu não vou, magina, esse nassif é quem tira nosso tempo de orkutar e msnezar, eu vou lá cantar tal de choro?
tá, então treina meu tempo no my way, mas vão deixar voce cantar? vão te vaiar, correr do bar.
a esperança é a última que corre, se tiver muita gente, eu que sou pela alternancia de poder, desde que só apoderem os nossos, vou pedir prá cantar my way em nihongô, vai ser uma fila no caixa prá pagar as comandas.
quando eu for a cantar a versão dos irmãos Valle em burajirugo, a minha vida, só vão restar os nassifistas mais fiéis e incautos recém chegados.
Então, metro vila madalena, um km prá chegar, uma parada num boteco de sinuca antes prá itaipavar de 600ml a 3 contos e ao Magnólia.
Dão crachá, escrevo wilson, tem lista de presença, confiro, nomes familiares do blog, viu uma de celular de tartaruga pendurada?
entro na fila de beijamão do Nassif, viu a …. ? marcou de se desconhecer aqui. aí o turco palestrante chorante, royalties à eu? bípedes às cantaras, não, num ví não.
Pô, vou ter de ancorar noutro blog, aqui o dono não crê nimim.
Bão, vamos a captura das figuras carimbadas do álbum nassifal. primeirona que vejo, essa é Cafú! mostra Marise, a décana das comentaristas , no fundo as ilhéus Elizabeth e Dulce, a defender a LBC ( liga dos bebericantes campineiros) veio Fernando Gomes garantindo que água de Campinas não afrescalha!
Romanelli, que , jovialmente prá troçar de nós, mandou um filho no lugar!
Antonio Barbosa, Filho a provar que a comuna é grande na Pátria Amada, salve, salve!
Aí adentrou Serjão Troncoso , que já deve ter votos suficientes para edil em Santos, a ciceronear eu e o Rundfunk Hörer( grafo de zoiada, gomen por quaisquer diferença de consoantes), o agora,segundo polaco mais fotografado do mundo, aposto, só perdendo pro Karol Wojtila e deixando o 3º,Walesa a mil clicks, que já pode se candidatar a prefeito de Ponta grossa, PR.
Paramos numa mesa, cara se levanta, figurino PT, barba,Gustavo Cherubine! (pelo tamanho, ideal prá se ter do lado numa briga ou passeata) sua mulher, e ao lado DeMarchi. noutro giro, Rui Daher!
O Raí, o DDD ( digníssimo defensor dos Diniz) apresenta Mario Abramo, que deve ser dos nossos, frasistas, falei de árvore genealógica, de supetão, que caracteriza e cauteriza nossa turba, veio: Árvore GInecológica!
Ao lado uma loira, sem crachá, que nas fotos vejo que é a Luzete.
Uma Cabocla brejeira que pelo jeito tem a fonte que ponce de leon procurou sem achar no quintal.
Cida diz que tava e Silvana. Pena.Tinha temas prá dois dias de prosa co’as duas.
Chico Bento, ô caipira! tinha uns causos prá contar lá da minha vila sem eira nem beira!
A Natália, NAT, veio abraçar,nem dei tempo da moça respirar. você é cartunista? tenho uns roteiros, quer desenhar? Então o sarau vai lançar uma dupla, wilsonyoshio/natália.
Todo mundo crachazado eu abordei, aos outros respeitei a privacidade.
Ví uns brasasiáticos, será que Wu Ming, Roberto Takara, Oda Nobunaga são alguns desses?
Baralho, são todos cartas marcadas, familiares do blog e portal! Mas o pessoal do portal deu de blogeada em nós!
Eles, já, são uma família no portal. Nós, do blog , ainda não!
Cadê Nonato Amorim, Sanzio que virou cronista dos bons e outros do blog?Anarquista, A Lúcida?
Ubaldo, ex paranóico, hoje um dos mais lidos do blog,eu achando que ele é Ivan Moraes e tc de duas máquinas, uma com acentuação, outra sem, outros acham ser o próprio Nassif.
André,sim ! pra eu perguntar do tom de voz da geisy?
Nilson Fernandes prá gente pegar a legítima receita dos baurús?
Os de tiro curto e grosso, os frasistas daltontrevisianos, que disparam aqui? Lucífer?
Eu fiz campanha prá 2010, cada um de nós perpetrar um blog, contar uns causos prá ilustrar, distorcer uns 50 votos cada, só de sarro, prá tumultuar a eleição.
A louvar, no encontro real dos blogueiros do Bem, ninguém foi munido da parafernália ostentatória, um lap última geração, requisitos até prá se matricular nas facú dos gerados do lado certo da cerca.
Para o próximo, vai precisar um espaço tal memorial da américa latina, começando sábado e varando domingo, um esquema de FSM, um Fórum Social Nassifista.
A fase de construir conhecimento passou, agora é tratar de disseminar a experiencia dos portalistas.
Quanto vale uma oficina do Raí Araujo discorrendo sobre relações de consumo e mercadistas? quantos pequenos comerciantes podem ter acesso a este grau de informação prática, oriunda do chão do mercado?
Quem perderia Elizabeth contando sobre a luta do sindicato dos jornalistas nos Anos Duros, quanto o pessoal lutava por ideais libertários, a diferir dos mercenários de agora.
E o pessoal do Direito, Professor e Marco Antonio, ensinando a comuna blogueira sobre os riscos da informação?
Foo e Silvana dando dicas da net?
E os vários blogueiros daqui, ensinando a geração orkutecente, a gerar conteúdo?
E NaMaria, travessa à fama, via vídeo conferencia ou com máscara Ivanhoé, ensinando a raciocinar em híperlinks?!?!
E os Educadores do blog, transmitindo seus anos d’escola?
O Nassif tem, a partir de agora, que atrair a geração dos nossos filhos para leitores, a nossa já tá garantido, né?
E aos poliglotas e embaixadores não oficiais do blog nesse mundão Deus afora, aposto! deve ter sido o primeiro encontro de um blogueiro e sua comuna! Ou não?
( gomen, colegas! tal jogo de tampinhas eu blefei, esse que apareceu aí era meu pai, Chogi ! eu sou antisocial ao vivo, ele , até que, não! nas poucas fotos que ele, bem orientado que foi, não pode evitar de aparecer, legendem, pai do wilson yoshio. arigatô.)

domingo, 6 de dezembro de 2009

OS 15 ANOS DO PLAYSTATION !

A notícia vem de Londres, do Times online, replicado pelo Kotaku.
Um juiz de 48 anos,15 numa comarca da Grã-bretanha, ligou na manhã do dia 11/11 ao tribunal e disse estar doente, não podendo presidir o julgamento marcado.
O Times o entrevistou em off, e o julgador disparou,atirando assim, que tinha entrado na fila da meia noite para comprar o game Modern Warfare 2, jogou ,se empolgou e emendou o dia para jogar.
Yes!We Play! LET THE JUDGE PLAY !
No Nihon, um comercial tá chocando os pudicos que não jogam nadicas.
O sensei diz aos alunos que " inesperadamente a partir de amanhã não virá., por que o sensei não virá?Durante 3 anos esperei este dia.. pensa ele, por que vou entrar na fila para comprar a meia noite e jogar direto uns tres dias até zerar, espero , só, há tres anos por este game.
O PlayStation 3 Final Fantasy XIII estréia no Nihon na meia noite para 17/12, com filas dos nihonjins e a expectativa mundial nos blogs e foruns de player's, loucos para saber as novidades e as dicas do jogo, e número de faltas nos picos do Fuji san em todos os quadrantes e todas as classes.
Como no dia 23/12 é feriado nacional no Nihon, aniversário do Imperador Akihito, e logo vem o feriadão do shogatsu, dá para se esbaldar, tentar zerar e postar as artimanhas para o resto do mundo, que cerra os dedos, quase massacra os consoles de inveja!
O tema das discussões, se valerá a pena comprar a versão nihonjin, falada em nihongô, ou esperar a americana, lá por março, dublada em inglês e não legendada com som original, como seria vontade da maioria.
Enquanto isso no, átrio de lisura e honradez,um senador de RO, quer disputar o título de O MAIS ODIADO do BRASIL, com o MensalAzeredo, vai virar adjetivo do seu "projeto de proibir a fabricação e distribuição de games ofensivos", então fica combinado, quando der tilt num jogo: baralho! deu valdirRauPPada!!!!2010 tá aí prá consolar os trezentos, consoles, censurados...
Ô pai, padrinho, patrão!
se alguma desculpa não colar para umas ausencias nebulosas em meados de março, data do lançamento da versão americana, após a passagem d'algum Fedex desses, não aporrinhe,deixa os caras jogar!
Nós não somos a Venezuela, nem Alemanha ou Austrália.
E aproveita os 15 anos do lançamento do Play Station,lançado em 03/12/94 no Nihon com mais de 100 milhões de consoles vendidos, deixa The Judge Play! E os Player's julgarem, se o game é bom ou ruim.
Dessa malta nunca sairá um serial killer, as rajadas e os obuses são escapistas, um player só dispara via console, para consolo nosso.
Isso, se os políticos, inexpressivos em tilt, permitirem.
Periga da lei passar, player's não se mobilizam tal blogueiros, então, blogplayer's, blogovídeomaníacos!
vamos dar força prá essa turba dos consoles! Eles serão nós, amanhã...

sábado, 5 de dezembro de 2009

EU TRADUZI O BENJAMINCTÓIDE

Foi lá, por quando Zelaya hondurou se na embaixada brasa em TeGUCCIgolpe.
O meru veio do Nihon cheio de kanji,incisivo e breve,tal translate do google.

kuroi taifu Adicionar a contatos
Para: wilsonyoshio@


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義雄さん、あなたが翻訳文化ではポルトガル語村によって任命されます。
場合は、データを取得するセザールベンジャミン氏は、政治的な科学者やマーケティング担当者とブラジルの副大統領候補されていることを主張してくださいでした。私のmsn Meruの追加調査の値を設定するとfile.arigato過ごす。 kuroitaifu@hotmail.com

Yoshio san ,voce é tradutor de portugues indicado pelo bunka no mura.
poderia por favor levantar dados do senhor Cesar Benjamin, que diz ser cientista politico e marqueteiro e ter sido candidato a vice presidente do Brasil. Adicione meu meru no msn para acertar o valor da pesquisa e passar o file.arigato. kuroitaifu@hotmail.com
Rapidinho add, tc, tratei e remeti o dossiê simples com links sem juízo de conceitos.
O okane foi depositado na conta indicada,arigatô, Tufão Negro! rendendo 0,5% ao ano, e fui cuidar da vida desvalida.
Lá por começo de outubro, o zum zum nos blogs era o Nobel da Paz.O meru veio, intimante, intimidante.
義雄さんは、ビデオ会議のため、そこから[OK]をavise.a本は3日間、72時間、収益の10倍の量は、以前の作業負担をpasokonを見るとhotmail.com @ ginkô.kuroitaifuで堆積した,
Yoshio san, revise seu pasokon para uma vídeo conferencia, assim que estiver ok avise.a partir daí reserve tres dias, 72 horas, remuneradas a 10 vezes o valor pago pelo trabalho anterior e depositado no seu ginkô.kuroitaifu@hotmail.com
E no dia 9, o mundo aplaudindo Obama pelo Nobel( eu torcendo pro cara, sem nem saber que nem indicado estava) matando o tédio da prontidão no pasokon, a espera da tradução.
No feriado da padroeira aqui,dia do halloween lá, vem o meru:
佳夫さん、23:00まで日本では、現地時間の準備ができて。と翻訳する場合は、天井に画像を直接には、隠された残りだけsom.necessárioストレスは、会話のレベルは、極端に機密とされ維持を好む、オーストラリアは、受け入れを検討との間の会話が行われます。kuroitaifu@hotmail.com
yoshio san, esteja pronto as 23:00, hora do Nihon. como a tradução será feita de uma conversa de um brasileiro, consideraremos aceitável se voce preferir direcionar a imagem para o teto, permanecendo oculto, só mantendo o som.necessário frisar que o nível da conversa é confidencial ao extremo. kuroitaifu@hotmail.com
Mandou, tufão negro, obedeço!
O cenário no Msn é de um salão com uns 200 japas, quase todos tatuados por inteiro, que se perfilados dava um álbum especial de mangá para otaku nenhum botar defeito,e uma dezena de vestes cerimoniais, baralho! dez oyabun ( Pai do clã ), os de mais quilate da yakuza!
subarashii!(maravilha!) botaram a imagem num telão! don da ke .( um toque a mais).
As instruções dadas previam quais respostas o terceiro interlocutor ouviria, controlados por uma equipe deles, prá que tanta precaução, a yakuza quer provocar um Jishin ( terremoto) no Nihon?
Aí entrou o tertius da prosa, parece de um estúdio de tv,e comecei a traduzir.
Ego nos picos do Fuji san ( monte Fuji) o brasa parece ter. A primeira hora, monótona, foi só de, eu fiz, eu aconteci, eu aconselhei eu doutrinei, e justiça seja feita, a segunda hora foi de, não seguiram, não escutaram, não obedeceram, deu tudo errado prá eles.
a terceira foi uma surtagem só, de planos mirabolantes, de conquista de poder,de polimento de imagem, de expansão territorial, de como influenciar no governo recém empossado.
Ao final, corte de imagem para o brasa, Tufão Negro pergunta se consegui traduzir tudo, até as citações, confirmei.Disse que encontraram tsuyaku muito mais categorizados, mais tempo de Nihon, mas desatualizados de Burajiru e sem noção das correntes da política.E se basearam na minha tradução da gripe A.
Os chefes confabularam mais uma hora, os conselheiros longevos palpitaram,riram com a candidatura a vice por um partido do Taiyô ( sol ), formaram o consenso, possível, e retornou a conexão do brasa.
A natural polidez dos oyabun escondeu uma armadilha até lá para mais um quarto de hora e a pergunta: o senhor já abandonou dois partidos, como assegurar que vai ser fiel ao seu propósito apregoado?
O brasa, melodramático, põe um pano sob a mão esquerda, pega uma adaga sobre o mindinho: o senhor quer a prova antecipada?
O sinal foi, quase, imperceptível. o oyabun mais da lateral, o que não deu um hai nem nai, e os filmes e a etiqueta provam, é o que manda abdicou do yubi(dedo)levantaram todos,saíram, cabendo ao Tufão soprar a mensagem: para provar e provocar o rompimento definitivo com o passado, deve cometer a maior torpeza possível, aquela que corre os continentes como sinonimo da degradação humana e manchará seu nome e aos seus...
E foi aí que aconteceu o Benjaminctóide motivando a inversão da frase secular:
Et Tu, Caesar?
Deve acrescer um J no meio do nome entre o C e o B.
O tempo é penhor do diapasão, só pós diáspora, em novembro de 2010, saberemos se :
O J é o de silvério que enlaçou um mártir, ou
O J é o de iscariotis que intentou currar o messias do seu povo.
E não posso deixar de imaginar, se o oyabun aceitasse o sacrifício do mindinho do brasa talvez satisfizesse a sofreguidão de ser igual ao louvado por todos.
E a paz na net, reinaria, aos brasas de boa postagem

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O ÚLTIMO SORRISO de MANÉ BOCA RICA

Foi lá por quando Pelé fez os russos profetizarem ao mundo:
Camaradas! Cuidado Com Pelé !
Na vila dos sem eira nem beira, o povaréu via o jogo nas nuances do rádio, onde um locutor era prá sempre, nas vitórias e nas derrotas, e juravam que os vermelhos botaram as letras CCCP, só com meio tempo que o pretinho Gasolina tinha incendiado contra eles, e nem gol tinha feito.
No trem das onze, a gazeta sumiu, só se via as páginas alaranjadas disputadas a mãozadas.
Contra os asterix de Gales, Pelé deu um gOlé num beque plantado tal um menir do obelix, estáticos ele e o goleiro no um a zero final, e o dragão vermelho da bandeira deles, envergonhado, zarpou prá lua combater são jorge, que lá pelo menos dava briga.
A vila fervilhava de japão - novos, trazidos pelas boas novas kanjizadas daqui.
O armazém do pai fiava de tudo, enxadas, machados, roçadeiras, facões, limas e tudo prá lida dos bananais e roças, de botina ferrada com pregos para fincar no chão salobro, num pé de ferro que ferrar era função minha, os pregos a quilo ao gosto do freguês, chapéus de palha e ramenzoni, calças de brim farwest, peças de tecidos diversos que vinham dos texteis todos molengas e nós, eu e duas irmãs, se incumbíamos de esticar numas ripas de papelão duro e enrolar volta por volta, prá expor nas prateleiras da venda, alpercatas roda, tênis bamba e keds igual aos all star atuais, sapato de pneu e botas de borracha sete léguas, e encordoamento de violão e cavaquinho marca canário que ninguém era de ferro, prás rodas caipiras com sanfona e pandeiro nos arrasta pés.
A compra terminava nos garrafões de querosene, que ao encher de funil, fedia a mão, e obrigava a gente ensaboar com sabão de côco, lá no tanque da mãe.
Os japas compravam arroz e sardinha fresca, os nortistas farinha de mandioca e milho e jabá.
Cigarro tinha continental, ainda sem filtro, fulgor, finesse, macedonia, um de papel marron de gosto adocicado marca negritos. Fumo em corda, sêco, mais molhado, em rolos de trinta quilos.
Pai, quando chegava fardo de fumo novo, cortava e pesava de cem e duzentas gramas, media em dedos e marcava no saco de aniagem que recobria o rolo, cem gramas=cinco dedos, duzentas= 10 dedos.
Era o fast-fumo pros fins de semana corridos, e dias de chuva, quando a venda lotava, em oito não vencia atender e despachar, pai só correndo, povo chamando, seu Chogi, soma a conta, porque a boca miúda, quase murmúrio, pediam, marca seu Chogi, e ele nunca cobrava pinga e destilados, e pé de moleque, maria mole, suspiro, doce de abóbora ou cocada prás crianças em casa.
Eu gostava de vender charque, " dioguinho", chamavam errado na lógica nordestina de filho de, acrescia o inho," pega uma parte gorda, três partes de carne magra", aí eu tirava uma lasca e voltava do salãozão-depósito mordiscando, onde ficavam os pacotes de cigarro, os rolos de fumo em corda, as bebidas destiladas fortes, os conhaques palhinha e são joão da barra, o fernet dubar, e as enganosas doces, fogo paulista, anis e canelinha, que quando dava um porre no Pedro piruca, vinha dois filhos prá arrastar.
Foi nessa época que seu J. diretor da escola trouxe uma irmã que viuvou, de nome que hoje constrangeria muito, anagrama de mensagem da net, dona M. que trouxe uma filha galega alva tal talco chamada G.ka.
Dona M. ficou de substituta, e quando d. Palmira casou com seu Orfeu e se mudaram, efetivou na escola que já era grupo, tocava piano e se ofereceu prá dar aulas, de graça.
" Aproveito a mesma aula que dou prá G.ka, põe o menino, seu Chogi."
O pai tramou nos foles e belo dia, tava lá, uma 24 baixos novinha que cheirava a couro novo, com estojo e tudo.
Duas tardes por semana eu descia a rua única pros lados de baixo da vila, depois da estação, até o sobrado de seu J. e pouco via da pauta, as notas tal joaninhas pretas, alinhadas na clave de sol.
Eu ensaiava uma canção, que dona M. disse ser russa, ah! sei, aqui morou um russo que o trem pegou, chamada Olhos Negros, que eu prá decorar levei mais de mês.
G.ka acompanhava ao piano, a fresta de sol do reposteiro batia nos cabelos de palha de trigo que eu tinha visto nas folhinhas, a música triste para a menina mais triste de menos de dez anos que eu me lembre, dourando ao sol . Acho que foi aí que me destinei alegrar as loiras do resto da farta vida.
Depois da copa, Z. sensei, que tinha virado comerciante perto da praia, e atirava seus auxiliares balcão afora, e recolhia os para arrumar os ossos destroncados, 5º dan de karate que era, deu a boa nova na vila. Um pedido de sensei prá ensinar nihongô tinha resposta, o japa aportava em Santos, logo.
E onde montar a escola? N. san ofereceu um barracão de tábuas e cobertura de sapé, e hospedar o sensei, e com a vantagem de ser perto prá todo mundo, só longe, 4 kms, pro pessoal da vila, minoria, eu e mais uns dois.
Foi aí, dois meses depois, que começamos as aulas de hiragana, aqueles garranchos estranhos numa língua mais ainda, familiar prá maioria, que matraqueava com o sensei japão-novo, doido prá aprender portugues, com os rudimentos do de portugal e o sotaque idem, aprendidos no Nihon, palavras vagando no tempo que os jesuítas foram mortos , após armarem com armas de fogo um candidato a shogum que se cristianizou.
Pai, preocupado, não tá gostando, não, não sei quem é professor de quem, nós prá aprender nihongô ou o sensei aprender portugues, isso é que é ruim, em todas colonias à roda, eles ficam um ano, dois, quando acham que já sabem vão prá São Paulo ser tintureiros. Tenta mais um pouco, se não der, paciencia.
E linha acima, sol a pino, quando a gente via um brilho refletido, quem quer apostar uma tubaína que eu sei quem vem lá, a frente? Cê besta, seo! qualquer um sabe que é o boca rica, o mané!
S. Arakaki virou Mané Boca Rica, assim que chegou na vila, parente dos N. e batizado por seu Durvalino, chefe d'estação, na primeira baforada e no primeiro entreabrir dos dentes d' ouro pra soprar o Fulgor. A venda lotada, parou boquiaberta, tal demonstração ornada, d'um amarelo com uns 15 dentes encapados de igual tom.
E quando envelheceu a novidade, as apostas passaram prá, quantos dentes d' ouro, tem o Mané?
E tarde após tarde,revezando com o acordeon, eu ia linha trem acima, passava um pontilhão sobre um rio, divisa dos N. com os M. todos uchinanchús tal eu, adentrava o barracão onde a molecada fumava cigarros de sapé enrolados em papel de caderno.
Uma tarde eu mosqueei e o sensei flagrou soprando filigranas teto acima, berrou um pouco, botou de castigo de pé na frente ao lado da sua mesa de tábua rústica, desenhando o 4 co' uma perna cruzada apoiada na outra reta.
Ora, depois de uma certa hora, a posição do castigo é tortura, que fazia eu? alternava as pernas, artimanha que tava dando certo, até que ossamu, o mais filho, de rapariga cruzado com asno, dos japas dedou.
Aí teve jeito não. sensei disse que não sei isso e aquilo, e aí eu me mandei.
Pai, a paciencia foi sem ciencia.
N. san mitigava a sêde a beira do bananal, ô yoshôzinho, puruque indo imbora,shedo né? sensei não quer eu no nihongô, não entendo o que ele fala. puruque sensei é naichi ( da metrópole) non é uchinanchu ( okinawano) non fara uchinaguchi, bem diferente, né? Yoshôzinho fara munto burajirugô, né? fara munto, né! fara munto non bom! aturapaía nu nihongô.pauro fara poco. pauro in caja só fara nihongô.
sayonara, N.san,avisa Paulo que não venho mais na aula aqui, amanhã falo com ele no grupo.
As tardes sem nihongô passaram pro acordeão, e junto uma turma de orfeão do grupo, prá aproveitar a G.ka no piano, eu e Cezário de oito baixos, que tocava d'ouvido, certa vez de montaria eu descia um paraná, tico tico no fubá, e outros do popular.
Como o dito diz, a cada cantança segue uma bestialidade.
Na vila à beira trem, na noite da festa da padroeira, um dos pegados prá criar do seu J. topou co' Ad. trepado na G.ka, pelada, na casinha do poço d' água.
Seu J. e dona M. chamaram o pai do Ad. que já tinha 15 anos, e ameaçaram dar parte.
Ad. jurou que não tinha posto nada, só encostado. E o pai do Ad, que era cascalhador da estrada de rodagem,atirou a primeira pedra, pediu transferencia, cataram as tralhas e sumiram da vila.
Dona M. nem esperou o ano, pegou a G.ka e foi prá bem longe.
Eu e Cezário, tentamos continuar no acordeão, ele d'ouvido, eu de pauta, parei até o pai vender a 24 baixos.
A bolsa de apostas, quantos dentes de ouro tinha o Mané crescia, era pião, bolinha de gude americana, figurinha carimbada das difíceis dos álbuns ebal, estilingue, tinha até espingarda picapau.
Eu já tava com oito anos, quase, e quando o Mané vinha fazer compra corria prá despachar, só prá ver se dava calcular os dentes, na nuvem de fumaça, certeza só com especialista.
Pai, tô com dor de dente! ô yoshôzinho, pega o trem amanhã de manhã, vai no Yoja-san.
Na sala d'espera tinha uns moldes de dentaduras, contei recontei medi anotei, pelas minhas contas 18 a 20. Yoja san escavou uma cárie, botou chumaço tintado de vermelho de cheiro doce, aí cuspi, e perguntei, já veio aqui o S. Arakaki? os dentes, foram postos aqui, ou no Japão?quantos são?
Yoja san não conhecia o Boca, achava que foi lá, por que?
Quero ganhar um bolão!
Riu, se é do modo como falou,chute 19!
arigatô e peguei o trem das 10, 19, dentada de dentista!
A euforia beirou monotonia, até que uma rádio deu " violaram uma sepultura prá roubar uns dentes de ouro e jóias! nem morto descansa mais".
Seu Durvalino maquinou a esparrela e quando Mané apareceu na venda, nem pestanejou : ô Mané Boca Rica ! cê não escutou na rádio, não? cê não pode rir, e abrir a boca nem prá fumar, Mané!
ladrão mata ocê, só prá roubar os dentes de ouro!
Garantido, né? Mané só ri aqui, né? no bira Mané shabe tudu gente bom, né?
As gargalhadas correram o Mané da venda, nunca mais se viu o homem.
N. san trazia a lista, pagava a dinheiro, eu e pai sabíamos que a compra era pro Mané pelas caixinhas de Fulgor.
Saturamos o tempo, ele nos satiriza.
A molecada esqueceu do Mané, e retirou os pertences, casados, do bolão.
Eu escreví uma história, onde um avarento amealhava seus tostões e fincava dentes de ouro.
Quando a arcada não cabia mais, passou a fraturar ossos e trocar por platina. Aos estertores da morte, quase, prenunciada, a mulher manda o primogênito, selar o cavalo mais rápido, galopar à cidade, em busca do serralheiro, e do açougueiro.
Mãe assustou, yôshô! abunai ( perigoso ) né? se o Mané fica sabendo?
Tá, mãe, vou tocar fogo na história.
Nós passamos pro ginásio no trem das onze, maior alegria, na sede municipal. Eu, Tico e Cezário pulávamos do trem andando, fazíamos pose prás meninas e pegávamos o cavalo de ferro à unha, quando o bicho já tava galopado.
Paulo, dos N. nem era tanto dos nossos, nem tanto de ossamu e seus primos filhos da ponte que partiu. A solidariedade era quando a gente tinha que cortar o cabelo, perder o trem e o basculante da prefeitura.
Paulo usava quase escovinha, eu de topete à Presley, de puxado no pente empastado de glostora.
Aí, só esperar o onibus, andar mais 4 kms eu, 8 o Paulo, conversando no gutural e monossílabos e monocórdios.
Um incidente co' meu pai me levou a ir estudar fora, num tio, rufaram os anos de bumbo, mais dois anos subi do litoral pro planalto de sampa, mas essa é outra história.
Lá por 81, reví N.san. yoshôzinho, genki (saúde) né? e Paulo, onde anda?
Pauro forumo enjenero, non aruma empurego, firuma chama para comberusá, baxa cabeça non fara nada, cabeça baxa,shua basutante, non pasha no enterevisuta.
montô fishina de cosutura, cusutura denturu de caja, né?
que pena, né N.san !
Garantido, né? nosu faraba yoshôzinho fara basutante, ruim né?
gomen ( perdão) né! miyó fará, ki non fará,né?
E Arakaki san, onde anda?
Borutô no Nihon! medo de raduron matá, robá dente de oruro! non riu masu, yoshôzinho! keredita que mané non riu masú?
sayonara, N.san ! fala prá Paulo casar cuma faladeira de primeira, quem sabe ele aprende.
E 27 anos após, a intolerância d’alguns japas com burajirujins, hoje sei, é até perdoável.
Vai se saber o que Mané praguejou na volta, que lá no Burajiru nem rir pode, nem mostrar dente de ouro, ladrão mata...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O trem cortou o queijo em tres partes.

Foi lá por quando a Laika foi pro espaço. Na missa mensal, padre só não chamou russo de santo.

" eles são comunistas, comem criancinhas", bradava aterrorizando os fiéis que se apressavam a puxar seus rebentos prá perto da sua mão acolhedora, mas nem tanto e nem sempre.

Eu administrava o medo só, meus pais nunca os ví na igreja, eu era coroinha prá ganhar jogo de camisas pro infantil da vila, co' mais meio time.

" eles querem invadir o céu de Deus! a chama do inferno os aguarda "!

A molecada desceu o morro da igreja, onde subir já era pagar promessa, confabulando: e as camisas, falou quando vai trazer?fala pro padre, tem que ser do santos. onde fica rússia?

ah, é lá onde a seleção joga co' a camisa escrita : camarada, cuidado co' pelé. mentira sua, wilson, isso tudo não cabe numa camisa. ô cacete qu'é mentira, é só as letras, burro, nunca leu a Cruzeiro? trago amanhã, tá lá,C C C P.

Na vila do vale dos sem eira nem beira, nave espacial não cabia no nosso espaço. russos?
ah! é da mesma raça do Queijo que morreu debaixo d'um trem cargueiro noturno, desses de surpresa que não tem hora nem dia certos.
Queijo era um brancão quarentão calvo que apareceu na vila e foi ser camarada, que era como os trabalhadores dos bananais eram nominados, dos Y.

Nos fins de tarde, a molecada jogava no campinho em frente à estação, co' Queijo refestelado na escada de quatro degraus dos Y. camisa de saco aberta ao peito, calça farwest, bebendo no bico, serra grande de litro.
quando já escuro, Queijo já bebum,litro vazio, cantava em língua estranha melancólicas toadas e dormitava sua dor na escadaria dos Y. até a manhã, onde tudo começava, de novo.

Uma noite, depois do das nove, povo já recolhido, lá pelas onze, barulho de trem de carga passando trem brecando, vozerio na linha, seu Durvalino chefe d' estação chamou meu pai: ô seu Chogi, arruma os lampiões petromax, recarrega de querosene que a noite vai ser braba, trem pegou alguém...

Pai correu co's apetrechos, mais lanternas de três pilhas e debandaram todos prá medir o tamanho do choro que acometeria a que família.

O primeiro que subiu pela estrada, entediado, avisou, foi o Queijo, o trem cortou em três, só dá cheiro de pinga.

Corri na mãe, já tenho cinco anos, deixa eu ir ver, nunca ví um morto, que dirá um russo, deixa?

Vai, respondeu, sonolenta,não deixa o pai te ver, eu disparei lépido, dei uma topada numa pedra, arrancou unha do dedão, mas nem praguejei.

Na penumbra dos petromax tava toda molecada, uns alforriados, outros escondidos.

Queijo esticado sobre um pano branco, ajeitado prá ser fotografado, molecada de olho arregalado, montaram a cabeça com os braços , barriga, e os cotos da perna, sob o palpitar do povo, falta um pedaço, ali, na perna, não tem sangue, que cor é o sangue desses russos, nem na linha alí na curva tem sangue, e a polícia pediu documento do Queijo pro Y. san, quedê que ele tinha? Benjamin, portador ( os que seguravam bandeiras verdes na entrada da estação) e inspetor de quarteirão da vila, pai de Tico, meia esquerda do infantil deu depoimento, assinou, névoa e garoa descendo, polícia pergunta pro conselho da vila, aviso voces do dia do enterro, não, carece não, ninguém conhecia direito, era só um russo, branco mas russo, no finados acendemos uma vela prá ele.

Na subida do morro da escola, molecada sabia que Queijo tinha ido pescar na lagoa do pedro piruca, largou uns lambarizinhos envoltos em folha de bananeira, perto da curva onde morreu, o litro de pinga vazio, Y. san pegou Dito preto de camarada, cacete, tamo fudido, Dito preto trabalhando aí, vai querer jogar todas tardes, vai quebrar tudo mundo, esse cavalo, não joga nada, fala com seu J. diretor da escola, o Dito já é demaiô, besteira, num vê que seu J. gosta dos dimaior, oia os dois quiele pegô prá criar, dois patoludos, e chegô a fessora. fessora, é quinem oce diz, o corpo tem treis parte, cabeça, tronco e membros, de madrugada morreu o queijo, fessora, um russo que morava na vila, eu fui o único do primeiro da vila que viu, fessora, porque russo não tem sangue, fessora. é a pinga? não, crianças, eu não devia falar disso prá primeiro ano, mas é um veneno que eles bebem, é a tal da vodka, vó de cá? não, v- o-d-k-a ! eles são tão fingidos que a vodka é a bebida perfeita, não tem côr, nem tem cheiro, esses vermelhos, mas ele era brancão, é figura de linguagem, nós somos brancos, voces são pretos, voce wilson é amarelo, são de cor, ah, bom, fessora, na minha certidão tá cor amarela, vai dar descrição prá gente fazer, da morte? não, wilson, voce pode fazer, igual ao do juiz que voltou da morte prá julgar um matador,,
padre perguntou quem era espírita aqui, traga prá eu ler, eu sei que não, o inspetor não sabe, diz que voce copiou, vive lendo gibís...
pois é, fessora, se bodas de ouro são cinquenta anos, eu levei um post de ouro prá contar esse causo. qual é a moral da história?
Nunca mais acreditei em hómi de saia e muié de pano e véu na cabeça e de vingança pelo fardamento do infantil que o padre não deu eu perpetrei essa frase:
sou do tempo que os padres diziam, comunistas comem criancinhas, hoje sabe se que eles também, por outras vias, amém.
E os russos? bão, é gente acima de qualquer descrição. em 2000 a tal de fifa encafifou um torneiozinho de verão e mutretou prum timezinho da marginal, s/nº que eles lavavam mais vermelho a grana da máfia, ganhar, e trouxe um time lá dos camelos, um dos cangurus, um dos pandas e uns europeus em pré temporada e mais a fim de festa e deu uma das maiores tirações de sarro nesses coitados, em butecos e beira de campo.
O último russo que andava na linha o trem pegou.
O duro que eles tiveram que aplaudir um gringo, scarface tevez, um beque sem cintura que veio só prá ensebá, um tal de chefinho que só servia quando tava de pé, sem falta, um tal de mas que cano!
ainda hoje eu morro de pena quando vejo camisas desbotadas carlitos tevez.ora, carlitos só o chaplin!